Conheci Carlito quando eu passava pela rua. Senti um pouco de receio de conversar com ele, pois sempre o via se drogando próximo a nossa casa, então procurei manter-me seguro, um tanto afastado e não dei muita atenção. Em uma segunda vez, a situação se repetiu e, desta vez, conversei um pouco mais com ele, pedi seu nome e respondi algumas perguntas sobre nossa missão no bairro. Ao final ele me disse: "Reze meu irmão, para que não existam mais drogados na rua, por favor."
Dias depois eu o encontrei outra vez, o cumprimentei, dizendo seu nome. Mais uma vez é difícil explicar com palavras este momento que vivi, pois eu podia ver em seus olhos a alegria, pura e simplesmente por eu lembrar seu nome. Neste momento vi face de um homem sofrido, visto com desprezo pelos demais, em virtude de sua aparência e seu vício.
Neste momento, Deus me permitiu viver a graça da misericórdia, de poder ver a pessoa por detrás do pecado, de me dar conta que aí havia uma alma que busca a Deus, com sede de Amor. Conversamos um pouco mais e me pediu que continuasse a rezar por ele, pois quer deixar o vício e reconstruir sua vida. Depois disso, estive refletindo de quantas e quantas vezes em nossa vida, julgamos as pessoas que estão em alguma situação de marginalidade, ou por suas aparências, e esquecemos que por detrás daquilo que parece repugnante, existe uma história, existe um ser humano, existe uma alma.
José Francisco, voluntário em Lima
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