A cada visita no presídio feminino me sinto um pouco transformada, a maioria das amigas que tenho não conheço as razões das quais estão ali, mas isso não importa, porque somos chamados a olhar sua humanidade. Se encontram mais de 1000 mulheres, algumas deprimidas, principalmente por estarem longes de seus filhos, mas também muitas encontraram ali sua fé, com testemunhos de “Deus me colocou aqui para uma vida nova e não reclamo de estar aqui, porque Ele sabe o tempo necessário para tudo”.
Em meus primeiros dias achava que seria um apostolado difícil, que as mulheres não iam querer nos receber, mas temos muitas amigas e por isso fazemos visitas muito curtas a cada uma e mesmo assim não conseguimos estar com todas. Elas sempre nos recebem com um sorriso de uma amiga que espera a outra e algumas choram quando nos veem, principalmente por saberem que foram lembradas, outras saem correndo ao nosso encontro. Toda visita reservo um tempo para falar com Lane, uma das minhas amigas mais especiais de toda a missão.
Em minha segunda visita encontrei uma mulher tão triste que me chocou, no início fiquei com vergonha de me aproximar e segui o caminho, mas ela continuou em minha cabeça e resolvi voltar e conversar, no começo ela estava muito fechada só me perguntava o que eu fazia ali e porque entre tantas, tinha escolhido falar com ela, porém eu também não sabia responder a essas perguntas. Me contou que tinha uma amiga a qual já estava livre e ela se sentia tão sozinha agora que estava tomando medicamentos muito fortes para passar todo o dia dormindo, depois disso, consegui responder sua pergunta: Deus não nos quer sozinhos, todos necessitam de um amigo.
Então nossa amizade começou, a cada 15 dias Lane se senta no mesmo lugar esperando minha visita. Lane é uma das minhas maiores graças da missão, com conversas de vinte minutos quinzenal me esforço para transmitir um pouco do amor de Deus, que ama a todos incondicionalmente sem olhar seus pecados e defeitos e aos poucos percebo suas mudanças.
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